ANAIS :: 30º EIA - Bauru/SP - 2015 - ISSN : 1983-179X
Resumo: AO051

Oral (Tema Livre)


AO051

Habilidades auditivas em crianças com e sem distúrbios de fala e fissura labiopalatina

Autores:
CEROM, J.L.1, JOSÉ, M.R.1, FENIMAN, M.R.1
1 FOB USP - Faculdade de Odontologia de Bauru

Resumo:
Resumo Simples

As crianças com fissura labiopalatina(FLP) geralmente apresentam alterações fonoaudiológicas com manifestações em vários aspectos da comunicação e alimentação. No que se refere à audição, os bebês que nascem com fissura no palato tendem a apresentar acúmulo de fluido na orelha média, devido ao mau funcionamento do mecanismo de abertura e fechamento da tuba auditiva.O quadro pode evoluir para otites, que é umas das causas mais comuns de hipoacusia em crianças com FLP com até 10 anos.Esta perda auditiva geralmente é do tipo condutiva e bilateral.Sabe-se que a audição normal é essencial para a aquisição da linguagem oral e efetiva comunicação verbal e que déficits do sistema auditivo, congênitos ou adquiridos,afetam a transmissão e a percepção do som. Qualquer perda auditiva oferece privação sensorial, podendo assim, levar a alterações em diferentes habilidades auditivas.São crescentes os estudos científicos relacionados às habilidades auditivas em crianças com FLP,contudo, existe uma escassez de trabalhos relacionando habilidades auditivas centrais com as alterações de fala na FLP.Assim, hipotetizou-se que as habilidades auditivas centrais em crianças com FLP que apresentam alterações de fala seriam diferentes das habilidades das crianças com FLPsem alteração de fala. Este trabalho teve por objetivo verificar as habilidades auditivas centrais em crianças com fissura labiopalatina operada sem e com alterações de fala decorrentes da disfunção velofaríngea. Nesta pesquisa foi realizado um estudo prospectivo de 45 pacientes, com fissura labiopalatina operada,subdivididos em 3 grupos, cada um com 15 sujeitos, com idade de 7 a 12 anos, sendo o G1 composto por sujeitos com alterações de fala decorrentes da disfunção velofaríngea(hipernasalidade e emissão de ar nasal) e articulações compensatórias, oG2 composto por sujeitos com alterações de fala decorrentes da disfunção velofaríngea, porém sem articulações compensatórias e G3 composto por sujeitos sem alterações de fala decorrentes da disfunção velofaríngea e sem distúrbios articulatórios compensatórios. Foram averiguados inicialmente em prontuário dados quanto à disfunção velofaríngea e uso de articulações compensatórias.Posteriormente os sujeitos foram submetidos a avaliação audiológica periférica e aos testes do processamento auditivo(Random Gap Detection Test, teste Dícotíco de Dígitos,teste de Localização Sonora,teste de Memória Sequencial para sons verbais e não verbais). As habilidades auditivas avaliadas pelos testes em ordem crescente de alteração foram a resolução temporal, figura fundo, ordenação temporal e localização. A habilidade de localização sonora esteve alteradas em dois sujeitos no G1, um no G2 e nenhum no G3 e não apresentou diferença estatística entre os grupos. A habilidade de resolução temporal esteve alterada em 100% da amostra estudada. A habilidade de figura-fundo esteve alterada em 14 sujeitos noG1,em 11 sujeitos noG2 e em seis sujeitos no G3.A análise estatística mostrou significância na associação entre a alteração desta habilidade e o G1.A habilidade de ordenação temporal mostrou-se alterada em nove sujeitos no G1, em três sujeitos noG2 e em um noG3, apresentando significância estatística na associação entre a alteração nesta habilidade e o G1.O estudo apontou que as habilidades auditivas de figura-fundo e de ordenação temporal estão significativamente mais alteradas nos sujeitos com alterações de fala decorrentes da DVF,quando comparados aos sem esta alteração.

Palavras-chave:
 audição, fissura palatina, fala